quarta-feira, 15 de maio de 2013

A paixão pelo BTT

Não pensem que pratico há muito tempo. Começou tudo porque o meu pai, há mais de 10 anos, com peso a mais e a tentar deixar de fumar, pegou na bicicleta. Desde a bicicleta de estrada até à de BTT passaram alguns anos, algumas bicicletas e uma grande queda, que o fez optar por andar em mato e não arranjar mais a velhinha bicicleta de estrada. Fez um bom investimento nesta última bicicleta (Cannondale), fez um investimento para o meu irmão também e, há um ano, levou o meu namorado a experimentar, a apaixonar-se também e a comprar uma Specialized que lhe mudou, também, a forma física para melhor.

E eu, nisto tudo? Eu, em Outubro, fui ajudar o meu pai numa prova que ele organizou de BTT e fiquei num posto de abastecimento. Adorei o espírito, a jovialidade, todo aquele envolvimento. Em jeito de brincadeira, pedi-lhe que, quando tivesse tempo, me levasse a dar uma volta. Ele assentiu, feliz por ir levar a andar de bicicleta, como tantas vezes fez quando era mais nova. E assim, passado uma semana, ele na bicicleta do meu irmão e eu na dele (porque, teoricamente, era melhor e mais segura), fiz os meus primeiros 12km. A maior parte em estrada, é certo, mas quando entrei no mato, mesmo tendo de desmontar, adorei a sensação. Aliás, adorei toda a volta de bicicleta. Com o tempo, sempre que ia a casa, pedia-lhe para ir dar uma volta. Comecei a compôr o guarda-roupa e a panóplia de material necessário: camisolas respiráveis e ajustáveis, calções com almofada, capacete, luvas, etc. Só me faltam quase os pedais de encaixe e as sapatilhas correspondentes. De 12km fui evoluindo e cheguei aos 52km! Mas não são os km que contam porque se andarmos só em mato, podemos fazer menos quilómetros mas são muito mais exigentes a nível de braços, força de pernas, capacidade de reacção, decisão dos melhores caminhos, improviso para não caírmos, etc. Com o tempo aprendi a ter menos medo (o meu pai diz que devemos ter sempre medo) de descer, aprendi a posicionar melhor o corpo para subir, aprendi que passarmos por poças de água e ficarmos com os pés submersos é mais do que frequente, derrapar em dejetos de animais é muito engraçado, descer com o sol a queimar-nos a pele é das melhores sensações, fazer uma subida aparentemente impossível é do que mais nos eleva o ego. Conheci lugares incrustados na natureza belos e quase inacessíveis, livrei-me sempre dos furos e das quedas (só tive uma pseudo-queda, quando me assustei com possíveis caçadores), fiz rir e ri-me imenso com o meu pai e o meu namorado. Fui bastante feliz porque descobri algo que além de me fazer bem, dava-me uma adrenalina e um prazer fora dos limites. E, em mente, tinha a minha primeira prova, que seria em Setembro.

Entretanto, descobri que tenho um problema de saúde localizado no sacro e, por enquanto, estamos a aguardar que cicatrize ou, em último caso, que se resolva com cirurgia. Bicicleta com aquele assento minúsculo ficou proibido. E, há mais de um mês que abandonei a bicicleta. Tem-me custado muito. Muito mais do que achava possível porque eu já só pensava nos meses de verão e na possibilidade de ir andar mais vezes (os dias ficam maiores e é possível só sair às 17h, depois do trabalho do pai). Já tinha colocado a hipótese de comprar uma bicicleta, já andava a sonhar com as provas (e não tem nada a ver com competição mas sim pelo espírito desportivo e bem-disposto). 

Não é nada de grave, eu sei. Mas justamente quando estava apaixonada por um desporto acontece isto. Mas, acredito que mais cedo ou mais tarde tudo se vai compor e se as coisas surgem, alguma lição nos trazem. Deixei a bicicleta, voltei às corridas e à natação. E, como o assento da estática é largo, com os calções de ciclismo tenho matado as saudades :)


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